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01/08/2010

É só uma tarde que chove...

Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal

Há algo nessa coisa de chuva que me alaga a alma e me põe aqui, a tentar dizer quase sem conseguir manter a voz.

É só uma tarde que chove.

Mas é como se tudo se precipitasse dessa nuvem gigante que são os sentimentos. Nada sobra em seco no pensamento que está para lá de onde alcanço - que é onde pousa a intenção que me acolhe e aconchega.

Com os dedos embargados de distância, escrevo-te, confidente. A pensar em ti como um dia claro de sol. A não me entristecer por essa melancolia de ver o tempo molhando-se quase como um artifício de compaixão para algumas lágrimas que teimam - não de dor - mas comovidas nesse inventar palavras para disfarçar o que dizer a ti.

As gotas lá fora respingando indiferença e eu aqui a achar que podem arrefecer o calor, a sede - e isso tudo que quanto mais me falta, mais meu corpo pressente e arde.

Saboreio essa vontade que me traz inquietude e pressa, momento e gesto, sorriso e voz - juntando tudo numa febre que só o coração conhece. E provo-a devagar, absorta nessa tarde - de chuva, de pensamento, de imagens a nascer e a brilhar em poças de água - à espera de talento e palavras suficientes para conseguir dizer todas essas coisas que me inundam e ao mesmo tempo, inflamam.

Então escrevo-te assim - propositadamente ilógica - como a ansiedade em abolir o tempo.

E a tentar abreviar a distância, insisto o sonho, secreto e íntimo, de onde estás a colocar um sol - imenso antes de arder - nessa tarde que [lá fora] chove.
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Helena Chiarello
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(Escrito em 24/08/09)
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Um comentário:

Anderson Fabiano disse...

Stella mia,

Há algo nessa coisa de chuva que me fala da lágrima que ninguém viu rolar pela face do amante.

Há algo nessa coisa de chuva que me alaga a alma e cicatriza as feridas tantas que os desamores plantaram-me no peito.

Há algo nessa coisa de chuva que me põe um sorriso nos lábios sempre que você me olha, através da janela do tempo, me estende a mão e confessa seu amor.

Há algo nessa coisa de chuva que me faz ser seu sol a cada manhã que seu olhar me sauda como um novo dia.

Amo você, Piazinha!

Barba