Foto: Helena Chiarello - arquivo pessoal |
De vez em quando, nada melhor que calça jeans, camiseta, um tênis velho e confortável, mãos no volante, caminhos inusitados e música. E a tarde e a paisagem inteiras à disposição.
E saio por aí, como quem nunca ouviu falar em técnica ou precisão, apenas com a intuição e a câmera na mão, transformando em pixels as muitas coisas que me impressionam.
É nessa hora, com a mesma Alma Nova que o Zeca Baleiro gosta de cantar comigo, que aprendo a esquecer horários, obrigações e normas e a sentir de perto tudo aquilo que abre clareiras na alma e escreve poemas na emoção.
As árvores e os momentos verdes, céus, estradas, flores, pontes, lagos, entardeceres, sóis, chuvas, lugares que amo e espaços que gosto de ver e estar.
Já pensei que seria maravilhoso poder registrar, além das imagens, os cheiros, as sensações, os silêncios interrompidos por pássaros, rios, cascatas e vento nas folhas. Mas não teria a mesma graça. Bom mesmo é fazer parte do cenário e poder respirar o instante, nutrindo a vida com muita beleza e paz. E a desculpa de fazer fotos me proporciona isso.
Claro, nem tudo são flores. Há barrancos e tombos, atoleiros e imprevistos, espinhos e dedos espetados, mosquitos, cães indesejados e lagartos inesperados. Mas há também os pés descalços na água fria, os joelhos no chão e uma vontade alegre e aventureira que sobe em árvores, que grita e ri de sustos, que descobre caminhos e tenta superar os medos de altura para fotografar cachoeiras incríveis e aquelas vistas da cidade de cima de um muro que, pela localização e “altitude”, bem poderia estar no Guinness.
Vale muito registrar as paisagens urbanas e o encantamento de cenas e imagens que transpiram a poesia de outrora, e transformar em imagens as sensações dos lugares que a vida me possibilita estar. Construções antigas, prédios em ruínas, casarões de um tempo muito anterior a essa modernidade (não menos bela) em que vivemos e que me colocam o pensamento e a emoção dentro de cada um deles, vivendo as vidas, sentindo os cheiros, ouvindo os sons e o eco de muitas histórias guardadas no tempo.
Longe de serem perfeitos, os resultados me animam. E há muito ainda por ver e, em fotos, grafar.
A ideia inicial de minhas brincadeiras fotográficas era mostrar o inverno, o gelo e o frio da minha cidade natal. Agora, são as primaveras, os verões, os outonos... E todas as outras “estações” de tempo, lugar e vida que me chamam lá. E de um jeito irresistível.
Helena Chiarello
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Sempre que te vejo assim
...Minha velha alma
Cria alma nova
Quer voar pela boca
Quer sair por aí...
[Zeca Baleiro]
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